terça-feira, 20 de outubro de 2015

A CARTOMANTE - Exercícios



Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua vida, alguma influência misteriosa preponderava. Era ele tentar qualquer coisa, logo tudo mudava. Esteve quase para arranjar-se na Saúde Pública; mas, assim que obteve um bom "pistolão", toda a política mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que ele não devia ir para adiante. Se não fossem as costuras da mulher, não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se alcançava ter na algibeira por vezes, era obtida com auxílio de não sabia quantas humilhações, apelando para a generosidade dos amigos.
Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir? Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a ele, a mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Preso à sua vergonha.
A certeza, porém, de que todas as suas infelicidades vinham de uma influência misteriosa, deu-lhe mais alento. Se era "coisa feita", havia de haver por força quem a desfizesse. Acordou mais alegre e se não falou à mulher alegremente era porque ela já havia saído. Pobre de sua mulher! Avelhantada precocemente, trabalhando que nem uma moura, doente, entretanto a sua fragilidade transformava-se em energia para manter o casal.
Ela saía, virava a cidade, trazia costuras, recebia dinheiro, e aquele angustioso lar ia se arrastando, graças aos esforços da esposa.
Bem! As coisas iam mudar! Ele iria a uma cartomante e havia de descobrir o que e quem atrasavam a sua vida.
Saiu, foi à venda e consultou o jornal. Havia muitos videntes, espíritas, teósofos anunciados; mas simpatizou com uma cartomante, cujo anúncio dizia assim: "Madame Dadá, sonâmbula, extralúcida, deita as cartas e desfaz toda espécie de feitiçaria, principalmente a africana. Rua etc.".
Não quis procurar outra; era aquela, pois já adquirira a con- vicção de que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pelo seu cunhado Castrioto, que jamais vira com bons olhos o seu casamento com a irmã.
Arranjou, com o primeiro conhecido que encontrou, o dinheiro necessário, e correu depressa para a casa de Madame Dadá.
O mistério ia desfazer-se e o malefício ser cortado. A abastança voltaria à casa; compraria um terno para o Zezé, umas botinas para Alice, a filha mais moça; e aquela cruciante vida de cinco anos havia de lhe ficar na memória como passageiro pesadelo.
Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro e doce, um sol de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o mundo, que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe surgia claro e doce.
Entrou, esperou um pouco, com o coração a lhe saltar do peito.
O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa. Quando ela finalmente fala, pergunta : "O que você faz aqui ?" , então o homem percebeu que a cartomante era sua mulher . Lima Barreto (Adaptado)

1. Quem é o protagonista? __________________________________

2. Quem é o coadjuvante?__________________________________

3. Em “"O que você faz aqui ?", as aspas foram usadas para indicar:

a. Uma citação b. um pensamento c. uma fala d. um destaque
4. A história é narrada em:

( )1ª pessoa ( ) 2ª pessoa ( ) 3ª pessoa

5. Sublinhe um exemplo de discurso indireto livre.

6. Retire um exemplo de discurso direto: _______________________ ________________________________________________________

7. Em "Madame Dadá, sonâmbula, extralúcida, deita as cartas e desfaz toda espécie de feitiçaria, principalmente a africana. Rua etc."., as aspas foram usadas para indicar:

a. Uma citação b. um pensamento c. uma fala d. um destaque

8. Retire do texto uma conjunção ou locução conjuntiva:

a. adversativa: _______________________
b. condicional: _______________________
c. comparativa: ______________________
d. aditiva: ___________________________
e. conclusiva: ________________________

9. Em “...que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pelo seu cunhado Castrioto...”, a expressão destacada é um exemplo de:

a. voz passiva b. voz reflexiva c. agente da passiva d. voz ativa

10. Em “Ela trazia costuras.” A frase está na voz ativa. Passe para voz passiva: _________________________________________________ ________________________________________________________

11. Escreva com suas palavras o clímax da história: ______________ ________________________________________________________________________________________________________________

12. Quantos parágrafos têm a crônica? ________________________

13. Em “O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa,” a palavra em destaque significa:

a. Um tipo de cobra b. uma mulher sem escrúpulos
c. uma adúltera d. uma mulher que advinha

14. Em “O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa,” a palavra em destaque significa:

a. Móvel de madeira c. prostituta
b. cliente insatisfeito d. aquele de fez a consulta

15. Em “Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro e doce, um sol de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o mundo, que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe surgia claro e doce.”, o narrador faz uma descrição:

( ) subjetiva ( ) objetiva

16. Em um momento, o narrador descreve fisicamente a mulher. Como ele a descreve? ______________________________________
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