terça-feira, 20 de outubro de 2015

A bolsa amarela


- Toma, Raquel, fica pra você.
Era a bolsa.
A bolsa por fora:
Era amarela. Achei isso genial: para mim amarelo é a cor mais bonita que existe. Mas não era um amarelo sempre igual: as vezes era forte, mas depois ficava fraco; não sei se porque ele já tinha desbotado um pouco, ou porque já nasceu assim mesmo, resolvendo que ser sempre igual é muito chato.
Ela era grande; tinha até mais tamanho de sacola do que de bolsa. Mas vai ver ela era que nem eu: achava que ser pequena não dá pé.
A bolsa não era sozinha: tinha uma alça também. Foi só pendurar a alça no ombro que a bolsa arrastou no chão. Eu então dei um nó bem no meio da alça. Resolveu o problema. E ficou com mais bossa também.
Não sei o nome da fazenda que fez a bolsa amarela. Mas era uma fazenda grossa, e se a gente passava a Mao arranhava um pouco. Olhei bem de perto e vi os fios da fazenda passando um por cima do outro; mas direitinho; sem fazer bagunça nem nada. Achei legal. Mas o que eu achei ainda mais legal foi ver que a fazenda esticava: “vai dar pra guardar um bocado de coisa aí dentro”.
A bolsa por dentro:
Abri devagarinho. Com um medo danado de ser tudo vazio. Espiei. Nem acreditei. Espiei melhor.

BOJUNGA, Lígia, A Bolsa Amarela, 32 ed. Rio de Janeiro: Casa Ligia Bojunga, 2003. p. 27. Fragmento

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