Alta Velocidade
Já fazia um bom tempo que aquele
policial estava de olho naquele motorista apressadinho. Ele pensou:
Amanhã esse malandro não vai me
escapar. Vou pará-lo e lhe darei uma multa daquelas bem salgadas. O engraçadinho não perde por esperar.
No dia seguinte o policial fez o sinal
para que o motorista infrator parasse. O motorista atendeu prontamente e parou
o veículo. Sem perder tempo o policial foi logo dizendo:
- Hãm!...Hãm! Bonito heim! Até que
enfim nos encontramos. Por acaso o senhor sabia que já faz um bom tempo que eu
estava aqui a sua espera.
- Puxa vida seu policial! Sinceramente,
sinto muito! Eu juro que eu não sabia, só fiquei sabendo disso há alguns
minutos atrás e, como o senhor mesmo viu, eu vim o mais rápido que pude...
Edilson Rodrigues
Silva
1. No trecho “... darei uma multa daquelas bem salgadas.”, o termo em destaque foi utilizado com sentido
de:
a. temperada
b. rápida
c. educativa
d. cara
2. O humor deste texto está no fato de o:
a. Motorista falar que estava correndo para atender ao chamado policial.
b. motorista passar em alta velocidade todos os dias pelo policial.
c. policial ficar esperando por um bom tempo o motorista passar.
d. policial querer encontrar o motorista que passava em alta velocidade.
3.Nesse texto, o trecho “- Hãm!...Hãm! Bonito heim!” sugere:
a. elogio
b. pressa
c. reprovação
d. surpresa
COMUNICAÇÃO
É importante saber o nome das coisas.
Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja
para comprar um... um... como é mesmo o nome?
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"
"Pode. Eu quero um daqueles,
daqueles..."
"Pois não?"
"Um... como é mesmo o nome?"
"Sim?"
"Pomba! Um... um... Que cabeça a
minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples,
conhecidíssima."
"Sim senhor."
"O senhor vai dar risada quando
souber."
"Sim senhor."
"Olha, é pontuda, certo?"
"O quê, cavalheiro?"
"Isso que eu quero. Tem uma ponta
assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e
na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta,
só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz?
De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o
negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha.
Entende?"
"Infelizmente, cavalheiro..."
"Ora, você sabe do que eu estou
falando."
"Estou me esforçando, mas..."
"Escuta. Acho que não podia ser
mais claro. Pontudo numa ponta, certo?"
"Se o senhor diz,
cavalheiro."
"Como, se eu
digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o
nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero."
"Sim senhor. Pontudo numa
ponta."
"Isso. Eu sabia que você
compreenderia. Tem?"
"Bom, eu preciso saber mais sobre
o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para
nós?"
"Não. Eu não sei desenhar nem
casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho."
"Sinto muito."
"Não precisa sentir. Sou técnico
em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei
desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora
isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum
problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que
fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está
pensando."
"Eu não estou pensando nada,
cavalheiro."
"Chame o gerente."
"Não será preciso, cavalheiro.
Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é
feito do quê?"
"É de, sei lá. De metal."
"Muito bem. De metal. Ela se
move?"
"Bem... É mais ou menos assim.
Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta,
assim."
"Tem mais de uma peça? Já vem
montado?"
"É inteiriço. Tenho quase certeza
de que é inteiriço."
"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples.
Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique,
encaixa."
"Ah, tem clique. É elétrico."
"Não! Clique, que eu digo, é o
barulho de encaixar."
"Já sei!"
"Ótimo!"
"O senhor quer uma antena externa
de televisão."
"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de
novo..."
"Tentemos por outro lado. Para o
que serve?"
"Serve assim para prender.
Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui,
encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa."
"Certo. Esse instrumentos que o
senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança
e..."
"Mas é isso! É isso! Um alfinete
de segurança!"
"Mas do jeito que o senhor
descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"
"É que eu sou meio expansivo. Me
vê aí um... um... Como é mesmo o nome?"
(Luis Fernando Veríssimo)
4. De acordo com esse texto, o homem que entrou na loja:
a. estava brincando com o vendedor
b. não entendia o que o vendedor perguntava
c. não sabia a função do objeto que queria comprar
d. tinha esquecido o nome do objeto que queria comprar.
5. No trecho “Já sei!”, o ponto de exclamação reforça a ideia de
a. curiosidade
b. empolgação
c. espanto
d. paciência
6. Nesse texto, o trecho “Me vê aí um...” é um exemplo de linguagem:
a. técnica
b. regional
c. informal
d. padrão
7. No trecho “Eu quero um daqueles, daqueles...”, a repetição do termo
em destaque sugere:
a. deboche
b. dúvida
c. irritação
d. pressa
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